A Fibromialgia (FM)
A Fibromialgia (FM) é uma síndrome dolorosa de origem desconhecida, que afeta principalmente mulheres, sendo caracterizada por dores músculo-esqueléticas difusas, locais dolorosos específicos à palpação - pontos dolorosos - associados frequentemente a distúrbios do sono, fadiga, cefaleia crónica e distúrbios cognitivos e gastrointestinais. Estima-se que sofram de FM entre 2% a 5% da população adulta, dependendo dos países e que da população atingida, entre 80% a 90% serão mulheres entre os 20 e os 50 anos.
As queixas da Fibromialgia podem ser ligeiras ou graves, definindo assim um espectro funcional que vai do mero incómodo até à incapacidade para manter um emprego, as atividades domésticas ou mesmo para desfrutar o convívio com a família e com os amigos, o que torna a doença heterogénea nas suas manifestações. Atualmente sabe-se que é uma forma de reumatismo associada a uma maior sensibilidade do indivíduo perante um estímulo doloroso. O termo reumatismo pode ser justificado pelo facto da fibromialgia envolver músculos, tendões e ligamentos não envolvendo no entanto as articulações tal como acontece com a Artrite Reumatoide e a Osteoartrite. Apesar da FM poder apresentar-se de uma forma extremamente dolorosa e incapacitante, ela não causa deformação.
Os sintomas e a sua intensidade são variáveis de pessoa para pessoa podendo até, na mesma pessoa, variar ao longo do tempo o que dificulta o tratamento e a adaptação do doente a um novo estilo de vida que lhe permita lidar com a doença. A dor é o sintoma cardinal da FM, caracterizada por ser crónica e difusa por todo o corpo e de intensidade variada. Uma das características essenciais é também a existência de áreas sensíveis à pressão chamadas pontos dolorosos. Estes pontos localizam-se em áreas bem identificadas sobre músculos, tendões e tecido adiposo e distribuem-se generalizada e simetricamente. No entanto os sintomas de rigidez, fadiga e distúrbios do sono estão presentes em mais de 75% dos pacientes. Outros sintomas também frequentemente referidos são as perturbações cognitivas, perturbações gastrointestinais, dores de cabeça, hipersensibilidade química, intolerância ao frio, depressão, ansiedade, alterações de humor, dor torácica não cardíaca e disfunção temporomandibular. Estes sintomas são muitas vezes agravados por fatores externos como o stress, frio, humidade, ruído, mudanças climatéricas e excesso de esforço e fatores internos como a ansiedade, depressão e variações hormonais.
A Fibromialgia é por vezes difícil de reconhecer na prática clínica diária o que provavelmente contribui para subestimar a sua frequência. Não existem exames laboratoriais, radiológicos ou outros que confirmem ou excluam a sua presença. A escassez de sinais objetivos e a ausência de exames auxiliares de diagnóstico específicos, torna as queixas subjetivas dos doentes fundamentais para o diagnóstico. Assim, o diagnóstico é baseado nas queixas do doente, na sua história clínica e no exame físico cuidadoso.
Deste modo é essencial que sejam seguidos de forma rigorosa todos os critérios de diagnóstico e que seja realizado um diagnóstico diferencial permitindo despistar outras patologias e assim confirmar ou excluir a presença de FM. O diagnóstico não exclui, no entanto, a presença de outras doenças simultâneas, contudo é necessário assegurar-se que não se confunda outra enfermidade com a FM, de forma a iniciar o tratamento adequado.